José David nasceu em Almeirim em 1938. Apaixonado pelo desenho desde a infância, foi essencialmente um autodidata, embora tenha frequentado os cursos de Desenho e de Pintura a óleo da SNBA, em 1956 e 1957.Â
Expõe pela primeira vez em Macau, onde cumpriu, durante dois anos, o serviço militar. De regresso a Lisboa, trabalha em agências de publicidade, atividade que se mantém e aprofunda em Paris para onde emigrou em 1969. Torna-se reconhecido no campo da ilustração, sobretudo de capas de livros que realiza para editoras como a Gallimard, Le Seuil ou à Métailié, para as quais, entre outros, ilustra capas de Céline, Kafka ou Jorge LuÃs Borges.Â
Simultaneamente, José David começa a expor, primeiro em Paris e depois, desde 1986, em Lisboa. A sua pintura relaciona-se então com a imagética surrealista, através do humor, capaz de gerar figuras absurdas e hÃbridas.Â
Na década de 1990, passa a viver entre Paris e Lisboa. Neste eixo sedimenta diversas amizades com artistas e criadores portugueses, entre os quais Manuel Alvess, Pedro Morais, António Lobo Antunes, Inês Pedrosa, Lourdes Castro, Carlos Saboga, José LuÃs Luna, Rogério Ribeiro ou Jorge Martins. Â
Pinta continuamente. Revisita temáticas intemporais da Pintura, desde a natureza-morta, a paisagem, o mito do minotauro, e enfim, o seu pretexto eleito – a autorrepresentação. Sucedem-se múltiplas séries de rostos, expressas numa pintura matérica e gestual. Â
Expôs em vários espaços culturais, de que são exemplo: a Biblioteca Marquesa do Cadaval (Almeirim), a Casa da Cerca (Almada), o Instituto Camões e o Centro Cultural Calouste Gulbenkian (Paris), ou a Galeria Diferença e a Casa Fernando Pessoa (Lisboa). Dos seus catálogos de exposições, fazem parte textos introdutórios de Nuno Júdice, António Lobo Antunes, Inês Pedrosa e Andrée Chedid, entre outros. José LuÃs PorfÃrio acompanhou as suas exposições, em textos crÃticos no jornal Expresso.Â
Em 2014, regressou definitivamente a Lisboa. Apresentou a última exposição individual na Galeria Monumental, em Lisboa, em 2017. Faleceu a 3 de agosto de 2018.Â
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A exposição que agora se apresenta na Sociedade Nacional de Belas-Artes evoca a diversidade do percurso artÃstico de José David, mas elege, como seu tema maior, a autorrepresentação: o seu rosto confunde-se com o fazer da pintura cujos fundos são, quase sempre, intensamente matéricos e esgrafitados. E quando surgem outros corpos, de homens ou de bichos (especialmente o touro) é ainda de autorrepresentação que devemos falar. No entanto, o eu, identificável ou desfeito, não conta nem histórias nem circunstâncias. É um percurso e uma obsessão para a invenção da pintura.Â
Imagem: José David, Sem tÃtulo, 2016. Técnica mista sobre tela, 146×114 cmÂ
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Visitas Comentadas
Com a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva
Sábado, 22 junho, 16h00
Com a investigadora Madalena Pena
Sábado, 06 julho, 16h00
Com o crÃtico de arte José LuÃs PorfÃrio
Sábado, 13 julho, 16h00
Conversa
Sobre a obra de José David
Com Ilda David, João Queiroz, Manuel Rosa e
Thierry Simões
Sábado, 20 julho, 16h00
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