Artista visual e escritora, Paula Parisot é autora de uma contundente prática que se dá por meios tão díspares quanto – insuspeitadamente – complementares. Suas obras costumam ganhar corpo de instalações que apresentam pinturas, desenhos, vídeos, performances e, é claro, a palavra escrita.
Dando continuidade a esta investigação por narrativas enviesadas, Parisot apresenta, nas salas do espaço expositivo da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa uma nova série de trabalhos, expandindo o perímetro de suas narrativas pessoais de trabalhos anteriores, como “Literatura do Eu”, exibido na BienalSur de 2013, em Buenos Aires. Ainda que permaneça partindo de suas próprias experiências, a artista busca agora transcendê-las de sua esfera pessoal ao realizar obras que contam, por exemplo, com a colaboração de artistas convidadas, como Thelma Fardin, Tatiana Parcero, Cecilia Szperling e Leticia Mazur, dentre outras, todas de corpos presentes no inédito vídeo DesConcerto (2023).
Nele, as histórias pessoais e o trabalho artístico de cada uma delas desempenha um papel crucial, não apenas por suas realizações individuais, mas por serem vozes significativas na luta pelos direitos das mulheres no contexto latino-americano. Cada uma delas, com seu corpo, sua voz, sua história de vida e obra, tem um significado, são uma espécie de símbolo da luta feminista e feminina.
O título escolhido para a mostra nasce de uma espécie de afeição pelas distintas camadas semânticas acumuladas na palavra espanhola “espejismo”. Se, para o dicionário, o termo é fruto de uma rápida ilusão ótica acontecida por conta da reflexão total da luz em determinado espaço, ao passo em que objetos e pessoas que se situem perto de alguém possam parecer mais distantes e vice-versa; espaços de descanso, os ditos “oásis”, em meio a um deserto – sejam estes literais ou simbólicos. É lá onde realidade e ficção – já deveras descompromissadas e caoticamente embrenhadas uma na outra, atingem o clímax que a produção de Parisot provoca – clímax que, após arrefecer-se, logo, logo reaparece, para nosso deleite e fruição.
Paula Parisot (Rio de Janeiro, Brasil) vive e trabalha entre Buenos Aires e São Paulo.
Mestre em Belas Artes pela The New School University, NY. Artista visual e escritora, seu trabalho é fundamentalmente interdisciplinar, reunindo literatura, pintura, desenho, performance e vídeo.
Entre as exposições individuais destacam-se SESC (São Paulo, 2019), Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro, 2014), FIL (Guadalajara, México, 2015). Fez parte da Bienal Mercosul (Porto Alegre, 2020) e da[Quebra de Moldagem do Texto]BienalSur (Buenos Aires, 2021).
Criadora junto a Jessica Sofia Mitrani de A Crucigramista (ARTE1, Brasil, Portugal e México, 2017-2019), um programa sobre arte na América Latina. A Crucigramista participou no DOCLisboa (2018) e Bienal do Mercosul (2020) e é transmitido atualmente na TV Mexicana, apresentado pelo Museo Universitario del Chopo.
Parisot é autora de A dama da solidão (Cia. das Letras, 2007, Cal y Arena, 2008 e Arquivo Dalkey Press 2010), tendo sido finalista do Prêmio Jabuti; Gonzos e Parafusos (Leya, 2010, Cal y Arena, 2011), e Partir (Tordesilhas 2013, Cal y Arena, 2013).
Parisot tem trabalhado internacionalmente na divulgação da literatura brasileira contemporânea, fazendo a organização de antologias como La invención de la realidad (Cal y Arena, México, 2015).
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Com a autora Paula Parisot
Sexta-feira, 9 fevereiro, 17h30
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