Em geral, uma janela, pode representar, para lá da sua definição prática, uma ideia simbólica, a transição entre espaços ou até mesmo a barreira entre o mundo interior e o mundo exterior. Há quase uma busca poética e filosófica sobre a verdade, a introspecção do eu ou as fronteiras da existência humana.
Ao preparar esta mostra, houve um olhar, que não é novo, sobre a pintura de Matisse, e ouve um encontro em forma pontual sobre a visão do mestre perante o mundo, por de trás, de um rectângulo de pequenos vidros.
Ao analisar as janelas pintadas por Matisse, é possível perceber uma ênfase no uso de cores vibrantes e contrastantes. A sua paleta é composta por tonalidades intensas, que saltam aos olhos e evocam uma sensação de alegria e energia. Essa escolha de cores ousada é uma marca registada do pintor. Rompeu com as tradições e convenções do seu tempo.
Além disso, as suas janelas apresentam uma abstração geométrica distintiva, simplificando as formas, reduzindo-as a linhas e formas básicas, mas mantendo a sua identidade reconhecível. Essa abordagem influenciada pelo cubismo e pelo fauvismo confere às janelas um aspeto quase simbólico, onde a realidade é interpretada e transformada em formas mais pictóricas.
Après la fenêtre, é sem dúvida um olhar após a pintura de Matisse, mas que mantém de certa maneira a mesma perspetiva introspectiva de um olhar sobre “o mundo lá fora” e que, muitas vezes, é preferível olha-lo na segurança do espaço interior.
Não há duvida que a continuidade da minha obra está na constante perspetiva de um olhar, de alguém que nasceu numa porção de terra rodeada de mar por todo o lado, e que o degrau para lá do horizonte continua a ser o fascínio de toda uma narrativa, recados d’alma, que expressa emoções profundas e experiências pessoais por meio de uma linguagem poética carregada de metáforas e fantasias em florestas encantadas.
Gabriel Garcia
2023
Nasceu na ilha do Pico (Açores) em 1977. Licenciou-se em Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Atelier de expressão plástica de desenho e pintura, Academia das Artes de Ponta Delgada. A sua obra está representada em coleções públicas e privadas, coleção PLMJ, Fundação de Cerveira, Price Water house Coopers Portugal, EFCIS.
A definição de obra de arte é um processo. Tem sido essa a minha busca na pintura, no desenho ou na instalação, investigando e acreditando acima de tudo no processo do próprio desenvolvimento criativo como artista plástico. Gabriel Garcia
Expõe com regularidade desde 2007. Vive e trabalha em Lisboa.
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Com o autor Gabriel Garcia
Sábado, 10 fevereiro, 15h00
Com o autor Gabriel Garcia
Sábado, 24 fevereiro, 15h00
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